domingo, 30 de outubro de 2011

Rosa Vaidosa By Cecilia Trigueiros




RENDEIRAS
Vou inaugurar o blog da Rosa Vaidosa com uma homenagem a todas nós.
Era uma vez uma mulher chamada Penélope.
Ela esperou por vinte anos seu amado Ulisses que viajava, viajava e não chegava nunca. Seu pai então propôs, acreditando na viuvez da filha, que ela se casasse outra vez.
“Nada de homem novo!”, pensou ela. “Vou enganar a todos, dizendo que só caso quando terminar de tecer uma colcha enorme!”
Esperta, fazia o seguinte: de dia tecia e à noite desmanchava tudo o que tinha feito.
Os pretendentes eram muitos, mas a bendita da colcha nunca ficava pronta.
Final da estória: Ulisses não morreu. Voltou. E eles viveram felizes para sempre.

Aqui fica um pouco da presença de Penélope, na vida dos Deuses Gregos e dos mortais.
E nós? Iguais. Somos todas Penélopes. É um tecer e destecer constante.
Mulheres que aguardam os sonhos, tramam a constância e fidelidade eterna ao amor.
Desfiam suas desilusões, para assim que raiar o dia, trabalhar mais uma vez a perseverança da vida.
Sem pensar, sem duvidar por um instante sequer, seguem em frente com algo que lhes é maior – sua crença na força das filhas de Eva.
Então, essa teia de feminilidade, independente da geografia, procura incansável pelas expectativas vivas da infância de meninices. Não desanima em sua busca. Ao contrário, a redobra de vigor com outras rendeiras, alegres, vivas, falantes e festeiras.
Todas tecem o mesmo destino de sonhadoras. Algumas sabem esconder melhor do que outras.
Mas, quando a noite cai, mesmo para aquelas mais resistentes, fica a certeza de que a linda e astuta Penélope se aproxima e sussurra:

“Não desista, Ulisses está vindo..”
Beijos Vaidosos,
Cecília Trigueiros